02 março 2015

Aquilo que ninguém vê, mas sente.


Era tarde da noite, a mulher se preparava para colocar as meninas na cama e esperar seu esposo chegar da casa dos seus pais como fazia todos os dias. O jantar estava frio no fogão, ele demorou mais do que o comum hoje, as filhas inquietas tagarelavam para a mãe na intenção de chamar, uma a uma, a atenção.
Na confusão da antes calma segunda-feira, o telefone toca: “Deve ser meu marido, o que será que aconteceu?” – pensou a senhora que acabara de tirar o garfo da mão de sua filha de três anos.
- Alô?
...
Silêncio.
Quando se preparava para voltar pra casa, dois assaltantes armados entraram no carro do homem e pediram que entregasse tudo que tinha, sem qualquer sinal de arrependimento. Foi agonizante; seu pai, do lado de fora, gritava pedindo socorro, mas o pobre moço já estava com uma arma na cabeça, portas fechadas, sangue quente correndo nas veias, com o pensamento em apenas um lugar: sua família. “O que fazer? O que pensar? Devo ficar calmo? Devo reagir? E a minha mulher? E minhas filhas? E agora?”. O caos impedia qualquer gota de sanidade, a essência ia se esvaindo como um orvalho na manhã de domingo, o medo de perder sua vida sem dizer para seus amores que o amor existe e que ele as ama. O terror de se estar sozinho, de sofrer em silêncio, sem pedir socorro a nada nem ninguém.

Engano seu, leitor.
Havia alguém que sabia exatamente tudo que estava ocorrendo, que nos olha todas as noites procurando algum vestígio de sofrimento, aquele que você pede proteção todas as manhãs fazendo o sinal da cruz, que está na sua oração quando vai almoçar até a hora de dormir. Aquele que sua mãe diz para ir junto com você. Vai com Deus, filho.  Vá com Deus.
Não estou aqui para buscar um sentido para qualquer acontecimento que ocorre no dia a dia. Não quero que acredite em uma palavra do que disse, mas quero confessar que creio com todas as minhas forças que existe um ser maior nesse universo supervisionando e orientando nosso destino. Ele não falha, tudo está escrito e pronto em nossa vida.
Como um toque mágico, um objeto relativamente simples foi visto por um dos assaltantes. Era pequeno, velho e nobre. Uma Bíblia. Sim, aquela que foi escrita por homens, que ainda é investigada pela ciência, que não há provas concretas da sua real natureza. Havia uma Bíblia no banco de trás do carro que fez o homem ser salvo de algo pior naquela noite de segunda. Os assaltantes se recusaram a continuar, disseram que iriam embora. E foram. Porque o marido daquela mulher, que chorava ao telefone pedindo ajuda para sua família depois que soube do ocorrido, era evangélico, cristão e carregava Deus no peito.
Entenda que é duvidosa a existência de um poder para a escritura. Historiadores contestam, religiosos afirmam. Hoje, percebi que não é o poder em si, mas o que esse pequeno livro representa. Um conjunto de lembranças, de crenças, de histórias; cada minúscula experiência vivenciada por cada um de nós. Tudo isso nos leva ao poder do milagre, da aura divina, de Deus.
A Bíblia salvou o homem, não nego. Mas antes disso, o que salvou aquele moço foi a crença dos assaltantes em algo sobrenatural. A certeza de que se fizessem mal para o motorista, algo pior aconteceria. Mesmo o mais descrente ficaria impactado com essa história. Eu fiquei.
Como um poder intocável, imensurável, inegável foi capaz de salvar aquele rapaz? O destino existe, a linha está sendo escrita e continua sendo costurada, dia após dia, o que iremos trilhar. Você pode não ser religioso, não acreditar na existência de Deus, mas respeite os fatos que a ciência não pode explicar.
Ai daquele que tocar em um pequenino meu – uma mãe diz para um filho, dá a proteção que precisa. Deus ou qualquer força que existe maior do que tudo aqui nessa Terra, diz para você todos os dias. O poder está dentro de nós. Agradeça por estar aqui, por respirar, por existir.


Termino dizendo algo que ouvi hoje pela manhã e que tem um importante significado, real e intransferível: vai com Deus.



Abraços,
Izabella Rendeiro





12 dezembro 2014

Aqui é a terra do Papai Noel.

Dezembro. Vem carregado de esperança e bons ventos, um ambiente perfeito para a inocência da criança de tão pouca idade e do adulto sonhador com cabelos brancos na cabeça. O que falar hoje? Eis a inspiração que pergunta e não chega.
Quando eu tinha 7 anos, sonhava com a neve em meus pés pequeninos tamanho 30 e através deles, pisava no algodão molhado e montava o meu boneco com nariz de cenoura. Aos 10 anos, pedi ao Papai Noel – Santa Claus – que acabasse com a guerra e fome no mundo ( esse era um período revolucionário em minha essência, algo que sequer entendo, mas vivi). Hoje, percebo o quanto foi belo o caminho que tracei em cada natal, os sonhos conquistados e as estrelas lindas que arrisquei ser uma daquelas que realizam desejos, eu acreditava. E acho que ainda acredito.
Faça uma lista. Um percurso que você viveu desde a época que lembra até hoje. O que mudou? Garanto que a neve imaginária não existe mais. Garanto que os bonequinhos na árvore não falam mais. Garanto que o presente de natal não é mais tão aguardado como antes. Se errei, perdoe-me. Hoje, a razão costuma falar mais alto, embora eu ame – de corpo e alma – montar e ver as luzes piscantes na mesinha perto do sofá em minha árvore de natal. Aquela que o Senhor dos Presentes colocará sua magia e seu encanto. Aquela que te deixa com uma sensação de nostalgia plena.
As bolas reluzem seu rosto, uma forma estranha com rugas que não existiam aparece, cabelos envelhecidos e preocupações futuras são refletidos em tons de azul e vermelho, suas cores preferidas. Contas para pagar, roupas para comprar, cabelo para fazer. Sejam bem vindos à vida adulta. Porém não se permitam esquecer o que se viveu e no que se acredita, seja verdade ou não, é mágica. A qualquer momento, meu amado Papai Noel vai surgir e lhe chamar de tolo por deixar de crer em uma coisa dessas.
Paremos para pensar: o mundo fala cada vez menos do natal, as pessoas se importam cada vez menos com o natal. A correria do dia é tanta que só queremos um travesseiro e uma boa noite de sono. Sem expectativas. Luzes não brilham mais. Tanto fora quanto dentro de nós.
Mas olhe nossos filhos, sobrinhos, parentes. A luz está lá. O natal está dentro deles só esperando... Esperando... Esperando o que, afinal? Eu não sei. Você sabe? Lembra o que esperava quando tinha 5 anos? Não era só presente, porque às vezes não existia, mas um bom café em família ou aquele banho de chuva com os amigos da vila onde mora. Natal é diferente. Tudo fica diferente. E eu sou apaixonada – loucamente apaixonada – por essa época.

Resolvi sair para ver a cidade - Moro em Belém, caso tenha esquecido -, as mangueiras sorriem enquanto brilham refletidas por luminárias da Praça Batista Campos, os pinheirinhos de plástico enfeitam a casa da D.Maria, na vila Perpétuo Socorro. Há alguns vizinhos criativos que resolvem reciclar e enriquecer sua decoração. Louvável. Sou dona de uma árvore de Natal, escolhi e comprei. Simples e aconchegante, característica de dezembro. É o final de tudo e o recomeço, chove muito e faz frio, gostoso de viver. Moraria em dezembro para sempre.


Beijos natalinos e não esqueça que Santa Claus está chegando, prepare sua meia e seu espírito.
Torne especial e sinta-se especial.

Feliz Natal. Muita luz e muita paz.

Izabella Rendeiro.

09 setembro 2014

A morte pede um pouco de atenção, só temos um minuto.


É com pesar que começo um texto essa noite. A crueldade humana é imensurável, uma mistura de insanidade e falta de benevolência. Acredito na ideia de que somos carne da mesma carne, o que nos diferencia são nossos genes. Apenas. Não entendo o sentido de superioridade e na lei de se fazer mal a alguém por não ser da mesma ‘raça’ e ser culpado por absolutamente tudo, exterminar por ser diferente, por enfraquecer um povo, por miscigenar. Olá, senhores, estou no período Nazista, aquele de Adolf Hitler.
A cor é cinza, o odor agarra nosso psicológico e nos remete à loucura, em sonhos nos achamos, o pesadelo vira. A costa pesa, o coração treme, a voz some. Onde estão os gritos? Ecoam em nosso pensamento. A inocência é corrompida e a vontade de existir, de lutar, de viver acabou. Por quê? O gosto amargo de um momento frio, sombrio, babélico voltou em uma fotografia.
Caros, é preciso entender que aquela época realmente existiu, não foi fantasia de um autor qualquer que virou lenda. Foi real. Houve realmente a crença de que os judeus – não somente, mas sua grande maioria – deveriam ser mortos por serem inferiores, sub-raças.
É impossível imaginar, confesso. Fecho meus olhos e penso na dor, dor de uma mãe ao ser separada de um filho, dor de um pai por ver sua família desfalecendo, dor física por estar em um lugar pelo simples fato de não se encaixar nos padrões estabelecidos por um ditador. Inimaginável. É cruel, doentio, caótico.
Estou em choque. Arrepio da ponta dos cabelos até o dedo dos pés, o sofrimento é o sentimento que impera, congela, consome. O choro nas madrugadas se perguntando qual dia irá partir, as lembranças são convites para a felicidade em um breve período de tempo, a utopia do pensamento. A oração inaudível procurando um Deus que não se sabe onde está, o medo de uma criança que não entende o porquê de se estar ali. É digerir tudo isso e agonizar.
O impacto entranhou em meu corpo pedindo revolta. O texto de hoje foi um desabafo, algo que quero registrar como verdadeiro querendo que fosse mentira. Mas preciso parar. Avisei que tinha apenas um minuto, o relógio marca mais, a morte precisa ir, leve toda a dor daquele povo, traga o espírito justo e faça com que o Holocausto não volte nunca mais. Hitler está morto.

O gosto amargo se esvai, a xícara quebrou, a luz se apagou. O poder de uma fotografia ficará aqui, calado, quieto e sóbrio. 

Só temos o silêncio.
Izabella Rendeiro.

18 maio 2014

O silêncio de minha alma.

É apenas uma memória ou um desejo que eu espero que se concretize: Lisboa, Portugal.


É difícil dizer como tudo começou, visto que as coisas passaram rápidas demais. Porém eu acredito que o acúmulo de expectativas em torno de uma publicação foi o estopim para um desejo, que até então parecia impossível, mas vem se aproximando a cada dia.
Não sei ao certo o porquê de estar escrevendo em torno de um sentimento reprimido, não sei o motivo de fazer tantos planos, porém uma vez me disseram que os sonhos nos movem. Confesso que parece clichê, mas eu vi que é cabível. O que nos faz ser o que somos são as expectativas e interações com nós mesmos. Criamos mil planos e desvendamos milhões de segredos internos, encontramos um caminho real, e na verdade, era o caminho que sempre esperávamos.
Encaro essa jornada como uma lembrança. Sou uma garota do Ensino Médio e procuro um passaporte para o mundo inteiro. Tracei minha rota, mudei o trajeto bilhões de vezes, e sonhei muito. Muito mesmo. Nada saiu do papel ainda... Ainda. Fico me imaginando com uma mochila nas costas e o pensamento em mim; penso nas diferenças étnicas, nas diversidades culturais, nos conflitos humanos e nos meus conflitos. Entendem-se humanos no sentido psicológico da palavra, porque o homem tem suas mazelas intimas o que só diz respeito a ele e mais ninguém. Porém, eu necessito entendê-los. E farei isso.
Quando se lê: Entender os conflitos internos de um ser humano, não falo de psicanálise nem patologia, falo de verdade. Quero correr o mundo inteiro e entender o que cada pessoa pensa; contracenar com idéias sob medida e criar um caderno de anotações plausível para que no futuro, eu olhe e perceba que fui feliz no que busquei a vida inteira.
Tudo é uma questão de tempo. Uma vez, uma moça me disse que chegarei longe e eu não entendi. Mas hoje – não que faça tanto tempo – eu vi que o que ela estava querendo dizer era o modo de ver o mundo, talvez o espírito utopista e ao mesmo tempo racional. Uma espécie de paradoxo, devo admitir. Eu espero ir longe, muito longe.

Isso é uma espécie de memória. Não é um livro, não é ficção nem ciência, é experiência. Confesso que sou jovem e não entendo certas metáforas que o tempo insiste em jogar na gente, mas sou capaz de lê-las, sou capaz de pesquisá-las e sim, vou aprendê-las do modo mais brutal. Sou insaciável e o conhecimento é o que me faz querer a mudança, opto pela revolução. Pode parecer estranho, é como se quisesse fazer uma festa de ‘politicamente correto’ para divulgar mais tarde, só que devo ratificar que não anseio por um grau social ou influência que alcancem o céu. Quero conhecimento. Nada mais. Sei que isso me leva aos quatro mundos, ou quantos a ciência desvendar.
Já sei o que sou: Um diário.
E sei também que não duro para sempre, então devo ser breve.
Vamos começar por Jane Austen.

Suponho que já tenha lido – ou espero que tenha uma noção do que seja – um conto chamado Razão e Sensibilidade. Esse foi o pontapé inicial.

‘‘Então dei início a uma nova busca, algo distinto e inovador; fui ao encontro do desconhecido, e deparei-me com um livro que estava há anos sem ser aberto em minha biblioteca particular; percebi quão precioso era aquele simples objeto,quando deslizei meus dedos sobre as páginas, senti o que me aguardava. ’’ – Trecho do meu primeiro texto publicado para o concurso.

Uma antiga professora de português tinha me dito que eu escrevia bem. Eu tinha 13 anos e cursava a sétima série. Pelo que me lembro, minha rotina era um tanto sofrível do ponto de vista psicológico; eu era depressiva e meus textos eram carregados de dor – herança que carrego até hoje, que é perceptível em alguns traços de minha escrita; tinha um grau de pessimismo que trouxe até os meus 16 anos, fora a sensibilidade. Sabe aqueles pacientes que a psicologia adora estudar e depois mostrar que foi um sucesso, um exemplo de superação? Exato, eu fui um deles.
Não que eu pensasse em me matar, eu só era uma adolescente irritada e problemática precoce. Nada tão ruim. Mas o drama era tanto, que meus textos ficavam sensacionais e tristes. Uma prova viva do poeta descrito por Fernando Pessoa em Autopsicografia.
A partir disso, o meu desejo pelas letras foi se intensificando: primeiro, eu necessitava de atenção e autoconfiança; segundo, eu precisava de elogios; e terceiro, meu caderno era uma espécie de refúgio, e as letras eram um tratamento para a amargura e solidão. Fui classificada como “muito bom” em qualquer texto que escrevia e fui me aperfeiçoando.
Na oitava série o desejo era outro: ser reconhecida. Estava vivendo uma época fútil e um tanto engraçada, vivia me importando em colocar meus nomes em determinados trabalhos e ninguém poderia tocar neles. Um egoísmo saudável, eu diria. Até que conheci uma professora maravilhosa que me incentivava cada vez mais e me elogiava, combinação perfeita para minha futilidade em se sentir amada – gesto que carecia na minha vida fora do ambiente escolar. Hoje eu entendo que a vida mesmo se encarrega de nos mostrar para quem fomos feitos.
Um dado: Nada daqui tem fins acadêmicos. É só uma marcação no tempo. Algo que quero guardar em um baú e nunca esquecer.
Conheci um novo tipo de paixão, de certa forma tinha um pouco a ver com o que eu gostava, falava um pouco de literatura e passado. Falava da Ditadura. Falava de Chico Buarque. O conheci de um modo engraçado, li um TCC de uma das minhas professoras e estava escrito: “As mulheres de Chico”. Devo ratificar que sou curiosa e resolvi pesquisar o que era tal homem e bem, descobri.
A partir daí foi instantâneo, tive objetivos muito maiores, não queria mais ser notada, muito menos amada, quis conhecimento. Investi na história da Ditadura Militar e nas músicas de protesto, li artigos sobre os militares... Evolui. Passava despercebida nas aulas, mas amava literatura e português, além da redação é claro. Gastei maior parte do meu tempo na misteriosa biblioteca do meu colégio – Lugar onde ninguém ia. Arrumava os livros, limpava-os, amava-os de certa forma e com isso fui me tornando antissocial. Vida um pouco triste para uma garota de 14 anos. Porém garanto que sou melhor assim. 
Nunca fui popular, sempre com uns ataques histéricos quando discordavam do que eu falava. Apenas isso. Lembro-me um dia que deixei de estudar para a prova de história a ler em um dia o livro “O menino do pijama listrado” porque se tratava do Nazismo e campos de concentração. Devo advertir que nunca fui a melhor aluna da sala, mas nunca a pior. E amava história até certo ponto.  Então decidi embarcar nesse embaralhado de sonhos.
E bem, em 2012 fui convidada para escrever um artigo sobre Jane Austen. Eis que surgiu a dúvida: por onde começar? Visto que não sabia do que se tratava, de quem se tratava. E por ordem divina – nunca a sorte – resolvi pesquisar em minha biblioteca particular de livros do colégio que peguei sem autorização porque ninguém usava. Encontrei Razão e Sensibilidade, um livro amarelo com uma mocinha na frente e o li.
Passei exatamente uma hora e meia lendo sem parar e já tinha um texto em mente. O executei.
“Há razões – sei que não passarão despercebidas em minha vida – pelas quais, um encontro que, até ontem seria com uma estranha, hoje, uma amiga, uma confidente, ou simplesmente: Jane Austen.”


Hoje ao ler isso tudo, percebo que sou feliz no que faço. Embora jovem, tenho ambições um pouco impossíveis, mas quem sabe? Quero conhecer os Distritos de Portugal e descrevê-los com precisão. Independente de como são, se são ruins ou estão decadentes demais. É só uma forma de reaproximar meu sonho de mim. Fazendo como se fosse um elo. Com um simples recado: nunca desista.

Abraços lusitanos
Izabella Rendeiro

11 maio 2014

No fim, a criança venceu.


Hoje foi interessante acordar no local que morei por tanto tempo, abrir a janela velhinha, escutar seu rangido engraçado e ter a mesma visão que tive em parte da minha infância. Foi revigorante levantar na ponta dos pés, quase derrubar tudo por estar escuro e eu estar sem óculos, rir sozinha pela total falta de atenção; depois sacolejar minha irmã de 6 anos para fazer uma surpresa a mamãe sem que ela notasse. Voltei aos 5 anos de idade. Tudo parecia tão simples.
Lágrimas voltam sem controle nesse exato momento. A cada abrir de armário para encontrar o presente que eu havia escondido e esquecido, nos faz rever alguns conceitos. Passar quase dois dias em casa de novo com minhas meninas é uma forma de dizer: 'Estás viva, seu coração ainda não parou de bater nem de sentir'. Fui dominada por esse sentimento e não deixei que ninguém me tirasse daquela aura positiva e um pouco envergonhada, confesso. Logo eu, aquela que não acredita em amor - mas isso é outra história.
Agora o que faço é rir do rostinho da minha irmã  com a boca faltando alguns dentes perguntando baixinho: 'É hoje o dia das mães?', eu indico para que silencie, pois minha mãe tinha se mexido, e gesticulo que sim, hoje é o dias das mães - não havia tempo para explicar a ela que todo dia é o dia, perdoe-me. Ela abriu aquele sorriso lindo cheio de inocência que me entreguei e me possibilitei gargalhar, ela sabia de tudo sem saber de absolutamente nada. Vamos ficando burros à medida que crescemos, desacreditando coisas e defendendo outras, tudo em nome da razão. Como somos tolos! Veja minha pequena Mariazinha, com menos números na vida do que os seus cabelos brancos na cabeça. Crianças são belas e a porta de entrada para o céu.
Por um segundo, fui para o ano de 2004, ou 2005, não lembro ao certo. Quando eu era criancinha e voltei para cá, na casa da minha avó, cheia de sonhos feridos e corações partidos, descrenças mal resolvidas pude concluir que era jovem para isso, não passava dos 10 anos.Uma criança que se dizia forte e valente, prendia o choro para não magoar a mãe que já estava arrasada por ter que dar uma lembrança dessas para sua filha - relaxa, minha mãe, eu estou bem. Muito bem.
Embora eu acredite que houve a perda de sentido em qualquer data festiva no país capitalista que vivemos, eu vi que o sentimento vai além de tudo isso. Descobri hoje com minha irmã, o modo como ela se conteve para não revelar a mãe o que tinha escondido, mesmo tendo escapado coisas algumas vezes no dia anterior. 
Quando achamos o presente foi muito legal. Mariazinha ficou tão feliz e ela falou: 'Iza, posso fazer xixi? Me espera, não entrega ainda', eu disse para ter calma que a gente ia entregar os dois presentinhos juntas como irmãs. Achei lindo, sério. Não sei se sou uma irmã babona demais ou estava com saudade de viver aquilo depois de 5 meses sem participar da vida delas direito. Mas achei fantástico.
Enfim o momento, era para eu ter registrado. Acordamos a mamãe e a cara da minha irmã era divina. Pulava, se agitava e pedia para que abrisse logo o tal presente. ' Um sapato, mãe', foi o que ela falou antes da embalagem ser rasgada. Quis tapar a boca dela, mas resolvi deixar, que mal há? ' Um perfume também, a Iza que deu.' Ai, foi muito bom. Pura inocência.
Eu necessitava expor isso. É raro ter um momento assim e eu fiquei - confesso que ainda estou- emocionada com todo o episódio.
Fora o consumismo, hoje, dia 11 de maio de 2014 foi o primeiro dia das mães que me tocou fervorosamente. Mariazinha dizia que amava a mamãe e que escreveu uma cartinha, super desengonçada, mas escreveu. E a Iza aqui? Nada. Fiquei envergonhada por isso, e disse: 'esqueci, Maria, e agora? Um abraço na mamãe resolve?'. Como eu disse, crescemos e ficamos burros. É claro que resolvia. E era a única coisa que eu tinha para dar. Um abraço. O que a razão fez comigo? Mas o gelo daqui de dentro rachou. Hoje foi mágico, mais do que qualquer natal quando pequena. Porque a diferença é que eu senti de novo o que eu não sentia em anos. 

Beijos para todas as mães do mundo inteiro e lembrem-se: Vocês são especiais. Sempre.


Izabella Rendeiro.


20 março 2014

Uma Carta para Chico.

Caro Chico Buarque,
Saudades da época em que ouvia incessantemente as melodias como sua, de Noel Rosa, Pixinguinha, Caetano e tantos outros ícones da música. Para desespero da minha geração estamos em uma era onde o que predomina é a ostentação, a sexualidade e falta de exigência musical; a exemplo de Anitta e Luan Santana que foram aclamados nacionalmente como melhores por uma geração aculturada, a qual faço parte sem compartilhar da mesma ideia.

Antes o "Apesar de você", de Chico e hoje, "você, você, você,você", de uma funkeira qualquer.
A música muito influenciou a geração da época de 30 e de 60, o sentimento de revolução transbordava nas letras, pedindo um mundo de liberdade. Eis ao que chegamos. A força da nova era é tão grande que presenciamos em toda parte, inclusive no nosso futuro, nas crianças. E que quanto pior a qualidade, maior a necessidade de apreciá-la aos quatro cantos, como um eco da deficiência musical.

E como prova da pura incompetência social, fiz uma amostra com um grupo de amigos entre 16 e 17 anos, perguntando quem era Zeca Baleiro, Jorge Vercillo, Paulinho Moska e outros, respostas obvias surgiram, desde apresentadores de TV a Políticos.

Chico, preciso de você, Caetano, Gil e outros combatendo essa era, trazendo de volta composições inteligentes, instigante e belas; para que possamos experimentar um pouco de Tropicália, Saltimbancos, que tanto fazem falta na nossa cultura. 

Caso contrário, novamente me encontro na mesma angustia de um ditador que está ganhando força com a nossa ignorância cultural e crítica. Por isso desesperadamente clamo: "Pai, afasta de mim esse cálice!"

Beijos suplicantes, 
Izabella Rendeiro.

23 fevereiro 2014

Uma narração chamada Tempo.



2 de abril de 2038. O estranho dispositivo que viveu desacordado desde o nascimento em meu corpo acabara de despertar, carregando junto dele a morte, arrancando de mim o único vestígio de existência. E por ironia da ciência e não do destino, estou às vésperas de completar meio século de vida.
Há 70 anos, o governo federal desenvolveu uma técnica de controle à natalidade que nos permitia, durante 50 anos, viver sob qualquer tipo de benefício e bens materiais. Tínhamos o que queríamos, íamos onde quiséssemos e éramos jovens até a morte. Uma vida perfeita, mas insuficiente. O que adianta ter tudo sem ter nada?
Recebi a criação de uma família coberta de amor, suguei tudo que pude do sentimento materno que o mundo carecia, mas me senti angustiado ao ver que foi ofertado a mim uma vida supérflua e degradante. Com o passar dos anos, começa-se a perceber que nada valia quando o mais importante faltava: o amor. Por isso, entre as mais remotas lembranças, busquei em minha alma o real sentido de se estar ali e o encontrei.
Faltam seis horas. Vaguei pelas ruas cobertas de ouro e prata, vi a angústia em qualquer canto que passava; na esquina os jornais gritavam: “mais um fracasso da ciência, a morte ainda é inevitável”. Era impossível arrancar o dispositivo do corpo, mas nunca se faltou esperança.
Tenho três horas. Peguei minha mulher e meus filhos e fui ver o mar, onde pretendia ficar até o fim, separei o álbum de fotos, precisava alimentar neles o que faltava nessa sociedade obsoleta e infecciosa:
- Peço que tenham amor e tentem se libertar de tudo daqui. – suas carinhas me rejuvenesceram cinqüenta anos. – Não basta ter tudo, quando não se há o que viver. Preserve os bons momentos ou morram tentando.
E tudo acabara. O relógio parara junto com a vida, senti a primeira pontada e era a morte chegando. Tudo o que criei, plantei e busquei se esvaiu no pouco que pude ensinar aos que ficaram, que dependiam de mim. Isso é um adeus. Porém, eu sei que terá um dia que não precisaremos de limites, 50 anos não será nada. Não acredito em céu, mas busco a felicidade porque, hoje, eu sei que o tempo é curto. Muito curto. Então peço que acredite que tudo acabará um dia. O relógio é traiçoeiro, ele pode parar sem que você espere.
Dez segundos, nove, oito, sete, seis... 

Beijos sem marcações de tempo a todos.
Izabella Rendeiro

03 dezembro 2013

Vamos falar de natal, que tal?


Hoje Dezembro começa e junto dele todo o espírito de amor com o próximo, gratidão com nós mesmos e paz com o mundo evidencia, se é verdade ou não nunca iremos saber, mas é visível que o mundo celebra um novo mês e junto dele um novo ano, afinal, Dezembro é a passagem do presente para as novas expectativas do futuro. As crianças ficam ansiosas para a visitinha do senhor dos presentes: Papai Noel – ou Santa Claus, se preferir; os adultos se preparam para as dívidas em lembrancinhas para todo mundo, os vovôs e vovós contam histórias para os seus netinhos sentados na sala de estar... E a cidade, ah leitor, a cidade vem cheia de luzes piscantes em verde, azul, amarelo e vermelho e ao redor as árvores de natal se fazem únicas em meio ao friozinho da época.
Você gosta do Natal? Eu sei que essa é uma pergunta clichê, mas o que eu devo perguntar, além disso? A sociedade me fez esquecer o sentido dessa celebração, sabe. Eu espero Dezembro para começar a me preparar para o ano seguinte e não sou hipócrita em dizer que carrego o espírito fraterno comigo, porque é mentira. Eu quero mudar o mundo, mas não só no Natal e sim nos 12 meses do ano, quero acabar com a fome, dar um abrigo aos necessitados, fazer diferente e eu sei que é difícil, porém é falsidade demais dizer que no Natal tudo muda, que aqueles que estavam separados se juntam e que... A paz reina.

A verdade é que as aparências começam a se fazer maiores que o real espírito da festa. Você quer ganhar presente? Eu também quero. Você quer se vestir bem para comemorar o “amigo oculto” e sair bem nas fotos para postar no Facebook? É, eu faria o mesmo, mas odeio tirar fotos minhas. Eu sei que o Natal é algo lindo, tanto que é uma das minhas épocas preferidas para se festejar, porém o que me incomoda são as pessoas, como elas lidam com tudo isso. Por que não agem de uma forma verdadeira e perdoam os inimigos quando for o momento certo e não porque é noite de Natal? Pois agindo desse modo, haverá menos vestígios de mágoas no futuro.
Assim, quando somos crianças criamos um mundo só nosso, onde existe tudo que é fantástico: há princesas em seus castelos esperando seu príncipe encantado montado no cavalo branco, há coelhinhos que entregam ovos de chocolate na Páscoa e há o Papai Noel com um saco vermelho repleto de presentes. Mas me diz aí: O que aconteceu com toda essa fantasia quando crescemos? Eu não sei responder e preciso de sua ajuda, leitor.
Perdoem-me por tudo que disse se não concordam, mas é necessário dizer. Que fique bem claro aqui que eu acredito na magia do Natal, acredito na noite linda que acontece quando estamos reunidos, que a natureza age de um modo encantador para tudo dar certo. Só não acredito no perdão repentino que as pessoas têm uma com as outras, não acredito. Há exceções, sempre haverá. Mas até agora, eu ainda não vi. Porque eu acho que o perdão que acontece dura apenas uma noite, e no amanhã tudo volta a ser o que era. O encanto se acaba.

Por isso que eu admiro as crianças. Tudo é puro nelas, pois se estão com raiva, vão agir desse modo, se estão felizes, irão pular de alegrias e se não gostam de alguém, irão tratá-las do jeito que quiserem tratar. Sem fingimentos ou pedidos de desculpas que não são reais. Se quiserem presentes, irão chorar quando elas não gostarem de um que ganhou, mas irão aceitar. O Natal é lindo, as pessoas que não são, sem contar com o capitalismo que vigora.
Natal virou um atrativo comercial, e o que podemos fazer? Não estou dizendo que não quero presente ou não vou comprar um peru bem gigante para colocar no centro da mesa da minha casa, o que quero dizer é que além do rápido esquecimento que as pessoas têm daquela briga horrorosa que teve entre parentes, há também um bem maior: o consumo. Tudo gira em torno disso. É colocado de lado o sentido de estar junto ou ir para uma viagem lembrar os bons momentos. Ponha na balança e me diga a resposta depois. Presentes ou momentos?
Se alguma vez eu citei Jesus? Não. Tenho certas dúvidas a respeito do nascimento do filho de Deus, porque para mim Ele não nasceu em Dezembro. É o que eu acho no momento. Amanhã pode mudar e eu volte aqui e diga que nasceu no dia 25. Não sei. Mas que há uma força maior em torno de tudo isso, eu sei que há. Religião é um processo complicado, senhores, pois bate em tantas opiniões que é difícil compreender. Se você acredita que o menino Jesus nasceu em Dezembro, eu respeito e admiro você por ter uma visão certa disso e você que não acredita, eu lhe respeito igualmente.
Então, eu termino por aqui. Desejo a todos vocês um “Feliz Natal”, sei que está um pouco cedo, já que ainda estamos no começo do mês, mas eu quero fazer a minha parte. Que tudo se resolva entre você e aquela vizinha depois da briga de Domingo por conta do volume do aparelho de som. Que você faça as pazes com sua tia, com sua prima do exterior e que sua paz momentânea lhe traga felicidade. Que Deus lhe dê bênçãos e alegrias. E pra você que não acredita em Deus, tenha uma boa festa na noite de Natal, pois eu garanto que vai ser lindo. Pense naquela balança que citei, preserve os bons momentos.



Boas festas. Passo mais tarde para desejar um ano melhor do que esse.

Beijos

Izabella Rendeiro.

30 outubro 2013

Um giro na sociologia



Hoje eu estava em minha aula semanal de sociologia e o professor falou a respeito do “Fato Social”. O que mais me chamou atenção foi a capacidade de uma pessoa do final do século XIX – Durkheim, sociólogo nascido na França – descrever com tanta nitidez o que vivemos hoje, a violência e suas relações. O Francês afirmou que quem define o crime é a própria sociedade e que todos nós estamos sujeitos às normas e regras, e bem, quem compõe essa sociedade somos nós. As próprias pessoas conduzem o certo do errado e quem não seguir essas ordens paga um “mico” dos melhores ou tende aos fins judiciários.
Perdoem-me, mas eu não quero dar uma aula sobre esse assunto, o ponto que eu quero chegar é simples: Somos ou não somos livres?
A roupa da moda, o carro do ano, os comportamentos padrões... Quem define? Quando estamos em uma festa de casamento, qual é a roupa mais adequada? Garanto que a resposta da maioria seria: “Uma roupa social, sendo um vestido caro ou um terno fino.” Mas eu poderia ou não poderia ir para essa festa com uma calça Jeans e uma blusa brega? É aqui que quero chegar. Qual seria sua resposta?
Infelizmente o termo: “Livres” não é a definição para o que somos. Vivemos em uma sociedade onde quem não segue as regras oferecidas, pode ser chamado de maluco ou excluído da maioria. O que mais me incomoda é que nós que criamos essas próprias normas; para sermos sensatos e dignos, devemos passar confiança e não só na forma de falar, mas de se portar, de se vestir, de viver. Tudo sendo calculado.
Para a sociedade primitiva, todos eram vistos como uma família, aquela conversa de “mexeu com um mexeu com todos”, e aquele que burlasse as regras impostas, poderia ser condenado sob direito repressivo, ou seja, decapitados, massacrados, queimados e blá, blá... Pagar o crime com a própria vida. Para a sociedade moderna, aquele que comete o erro de não seguir as regras, é obrigado a pagar por isso e quando concluir, voltar para sua vida chata e sem valor nenhum. Veja que o fato social está lá, só supervisionando e dizendo o que é certo e o que é errado.
Caso você não perceba, as regrinhas impostas mudam com a evolução dos anos, aquelas roupas dos nossos pais são consideradas cafonas para o presente, e é o que vai acontecer mais tarde com nossos filhos e netos. Não me pergunte como essa mudança acontece, ela vem com o tempo, espontaneamente, ora surge ora desaparece... E o ciclo não para.
Passar no vestibular, acordar cedo no colégio, dar maior dura estudando e passando noites em claro, trabalhar feito um condenado, ganhar o salário que dependemos, se esforçar para conseguir um emprego melhor e consequentemente um dinheirinho a mais no final do mês... Devemos seguir essas regras senão padecemos.
Para o nosso Durkheim lá do começo, o crime é um atentado que ofende e contraria certos valores de um todo. E quem está por trás de tudo é o Fato Social – toda maneira de agir e de pensar que é capaz de exercer sobre o indivíduo, uma influência externa da própria sociedade.
Concluindo: Não somos livres. Dependemos de um padrão para funcionar, e se não tivermos essas normas viveremos em uma sociedade bagunçada e desestruturada – Uma forma de “Anarquismo ideológico”, eu diria. É um jeito estranho que vivemos, mas me parece o mais sensato. Caso contrário: Você se imagina sem padrão nenhum? O que iria fazer e o que iria seguir?
É...
Acho que é o final.



Beijos sem liberdade para todos vocês.

Izabella Rendeiro

16 outubro 2013

O chão que você pisa




“Não desmerecendo o incentivo que tive para chegar até aqui, o que digo neste momento é que não sei se valeu o esforço. O que farei depois do passo seguinte é incerto e o que sinto neste exato momento é tamanha angústia, um sentimento de fracasso.” Você já se sentiu assim? Parece que o mundo não foi feito para você, que estamos aqui por mero capricho de Deus – Com o sentido pejorativo da palavra. Não sei se estamos, afinal, quem nos disse o que fazer ou o que ser? Erramos, acertamos, vivemos, aprendemos, caímos novamente... E o ciclo não para.
Como reagir ao nosso primeiro encontro com o chão? Será que é deixar se abater? Suponho que as revistinhas de auto-ajuda dizem que não, que devemos levantar a cabeça e continuar. Porém eu sei que as coisas não funcionam desse jeito, há temores, há traumas, há angústias... Tudo isso nos puxa para baixo, e ficamos presos ali por anos. Caso esteja esperando um conselho meu, eu sugiro que continue no chão, não dê a volta por cima como seu psicólogo diz, rale o joelho o quanto puder e só levante quando souber o momento e como realizar tal tarefa; se mantenha firme nesse lugar e depois, se puder e lutar para isso, sair da superfície fria e desconfortável que te puseram.
Infelizmente eu já fui ao chão diversas vezes, e quem me garante que eu não estou no pior dos profundos agora mesmo? Cada um vive o chão que consegue suportar, meu senhor; seja uma dificuldade no emprego, seja na entrega de um trabalho escolar, seja na subtração do dever de matemática... Temos milhões de dificuldades, temos e teremos pessoas pisando em nossas costas com salto agulha sem dó nem piedade. Teremos nosso momento de glória, de ventos ao nosso favor, porém nada acontece sem antes provarmos a frieza daquele chão. Pois qual seria a graça de ser fácil e sem seqüelas? Não aprenderíamos nada e seríamos uns imperfeitos posando de Deus e o pior, sem nos darmos conta disso.
Caso ainda tenha dúvida, o chão significa seus erros e fracassos; representa suas dificuldades, seus pedidos de desistência, seus medos que te impedem de arriscar um andar seguinte. O chão é frio porque ninguém estará lá para te apoiar, essa luta é só sua, meu amigo; ninguém lhe puxará do seu casulo infeliz, o máximo que podem fazer é gritar seu nome para que levante e você vai tentar levantar, mas sozinho. Não há ninguém, não haverá ninguém. A luta que travaremos é com nossa mente, com nossos sonhos, com nossas esperanças... O incentivo deverá estar ali. E ele vai estar. A pergunta deverá sair do seu íntimo: “ Será que eu mereço?” e “ Será que não posso fazer melhor que isso?”
O problema é se tivermos dúvidas e não arriscarmos , o problema é se o medo for maior que nossa fé e força de vontade de vencer, o problema é se soltarmos a âncora e não sairmos do lugar, ficar na monotonia do insucesso e só enxergarmos o erro do próximo – O imperfeito, o perfeitinho demais, a inveja, cobiça, e o desejo de maldade.  Esse é o principal problema. Devemos focar em nós, nas nossas imperfeições e qualidades, no nosso passado e presente – E quem sabe no futuro? Ter expectativa de vida e não deixar os sonhos morrerem. Imaginar em como estaremos nos 10 anos seguintes, se estaremos felizes, e claro, lutar, lutar muito para que isso aconteça. E quando o primeiro dos milhares empecilhos lhe der um oi, os enfrente. E não como as revistinhas aconselham, pois elas nem eu temos todas as respostas. Só você vai tê-las, porque essa luta é única e estritamente sua. Agora acorda e vai. O sucesso está lhe esperando lá na frente. Agora ande.
Eu estou fazendo isso, espero que você também.


Um beijo encorajador e cheio de esperança

Izabella Rendeiro