09 setembro 2014

A morte pede um pouco de atenção, só temos um minuto.


É com pesar que começo um texto essa noite. A crueldade humana é imensurável, uma mistura de insanidade e falta de benevolência. Acredito na ideia de que somos carne da mesma carne, o que nos diferencia são nossos genes. Apenas. Não entendo o sentido de superioridade e na lei de se fazer mal a alguém por não ser da mesma ‘raça’ e ser culpado por absolutamente tudo, exterminar por ser diferente, por enfraquecer um povo, por miscigenar. Olá, senhores, estou no período Nazista, aquele de Adolf Hitler.
A cor é cinza, o odor agarra nosso psicológico e nos remete à loucura, em sonhos nos achamos, o pesadelo vira. A costa pesa, o coração treme, a voz some. Onde estão os gritos? Ecoam em nosso pensamento. A inocência é corrompida e a vontade de existir, de lutar, de viver acabou. Por quê? O gosto amargo de um momento frio, sombrio, babélico voltou em uma fotografia.
Caros, é preciso entender que aquela época realmente existiu, não foi fantasia de um autor qualquer que virou lenda. Foi real. Houve realmente a crença de que os judeus – não somente, mas sua grande maioria – deveriam ser mortos por serem inferiores, sub-raças.
É impossível imaginar, confesso. Fecho meus olhos e penso na dor, dor de uma mãe ao ser separada de um filho, dor de um pai por ver sua família desfalecendo, dor física por estar em um lugar pelo simples fato de não se encaixar nos padrões estabelecidos por um ditador. Inimaginável. É cruel, doentio, caótico.
Estou em choque. Arrepio da ponta dos cabelos até o dedo dos pés, o sofrimento é o sentimento que impera, congela, consome. O choro nas madrugadas se perguntando qual dia irá partir, as lembranças são convites para a felicidade em um breve período de tempo, a utopia do pensamento. A oração inaudível procurando um Deus que não se sabe onde está, o medo de uma criança que não entende o porquê de se estar ali. É digerir tudo isso e agonizar.
O impacto entranhou em meu corpo pedindo revolta. O texto de hoje foi um desabafo, algo que quero registrar como verdadeiro querendo que fosse mentira. Mas preciso parar. Avisei que tinha apenas um minuto, o relógio marca mais, a morte precisa ir, leve toda a dor daquele povo, traga o espírito justo e faça com que o Holocausto não volte nunca mais. Hitler está morto.

O gosto amargo se esvai, a xícara quebrou, a luz se apagou. O poder de uma fotografia ficará aqui, calado, quieto e sóbrio. 

Só temos o silêncio.
Izabella Rendeiro.