02 março 2015

Aquilo que ninguém vê, mas sente.


Era tarde da noite, a mulher se preparava para colocar as meninas na cama e esperar seu esposo chegar da casa dos seus pais como fazia todos os dias. O jantar estava frio no fogão, ele demorou mais do que o comum hoje, as filhas inquietas tagarelavam para a mãe na intenção de chamar, uma a uma, a atenção.
Na confusão da antes calma segunda-feira, o telefone toca: “Deve ser meu marido, o que será que aconteceu?” – pensou a senhora que acabara de tirar o garfo da mão de sua filha de três anos.
- Alô?
...
Silêncio.
Quando se preparava para voltar pra casa, dois assaltantes armados entraram no carro do homem e pediram que entregasse tudo que tinha, sem qualquer sinal de arrependimento. Foi agonizante; seu pai, do lado de fora, gritava pedindo socorro, mas o pobre moço já estava com uma arma na cabeça, portas fechadas, sangue quente correndo nas veias, com o pensamento em apenas um lugar: sua família. “O que fazer? O que pensar? Devo ficar calmo? Devo reagir? E a minha mulher? E minhas filhas? E agora?”. O caos impedia qualquer gota de sanidade, a essência ia se esvaindo como um orvalho na manhã de domingo, o medo de perder sua vida sem dizer para seus amores que o amor existe e que ele as ama. O terror de se estar sozinho, de sofrer em silêncio, sem pedir socorro a nada nem ninguém.

Engano seu, leitor.
Havia alguém que sabia exatamente tudo que estava ocorrendo, que nos olha todas as noites procurando algum vestígio de sofrimento, aquele que você pede proteção todas as manhãs fazendo o sinal da cruz, que está na sua oração quando vai almoçar até a hora de dormir. Aquele que sua mãe diz para ir junto com você. Vai com Deus, filho.  Vá com Deus.
Não estou aqui para buscar um sentido para qualquer acontecimento que ocorre no dia a dia. Não quero que acredite em uma palavra do que disse, mas quero confessar que creio com todas as minhas forças que existe um ser maior nesse universo supervisionando e orientando nosso destino. Ele não falha, tudo está escrito e pronto em nossa vida.
Como um toque mágico, um objeto relativamente simples foi visto por um dos assaltantes. Era pequeno, velho e nobre. Uma Bíblia. Sim, aquela que foi escrita por homens, que ainda é investigada pela ciência, que não há provas concretas da sua real natureza. Havia uma Bíblia no banco de trás do carro que fez o homem ser salvo de algo pior naquela noite de segunda. Os assaltantes se recusaram a continuar, disseram que iriam embora. E foram. Porque o marido daquela mulher, que chorava ao telefone pedindo ajuda para sua família depois que soube do ocorrido, era evangélico, cristão e carregava Deus no peito.
Entenda que é duvidosa a existência de um poder para a escritura. Historiadores contestam, religiosos afirmam. Hoje, percebi que não é o poder em si, mas o que esse pequeno livro representa. Um conjunto de lembranças, de crenças, de histórias; cada minúscula experiência vivenciada por cada um de nós. Tudo isso nos leva ao poder do milagre, da aura divina, de Deus.
A Bíblia salvou o homem, não nego. Mas antes disso, o que salvou aquele moço foi a crença dos assaltantes em algo sobrenatural. A certeza de que se fizessem mal para o motorista, algo pior aconteceria. Mesmo o mais descrente ficaria impactado com essa história. Eu fiquei.
Como um poder intocável, imensurável, inegável foi capaz de salvar aquele rapaz? O destino existe, a linha está sendo escrita e continua sendo costurada, dia após dia, o que iremos trilhar. Você pode não ser religioso, não acreditar na existência de Deus, mas respeite os fatos que a ciência não pode explicar.
Ai daquele que tocar em um pequenino meu – uma mãe diz para um filho, dá a proteção que precisa. Deus ou qualquer força que existe maior do que tudo aqui nessa Terra, diz para você todos os dias. O poder está dentro de nós. Agradeça por estar aqui, por respirar, por existir.


Termino dizendo algo que ouvi hoje pela manhã e que tem um importante significado, real e intransferível: vai com Deus.



Abraços,
Izabella Rendeiro