20 março 2014

Uma Carta para Chico.

Caro Chico Buarque,
Saudades da época em que ouvia incessantemente as melodias como sua, de Noel Rosa, Pixinguinha, Caetano e tantos outros ícones da música. Para desespero da minha geração estamos em uma era onde o que predomina é a ostentação, a sexualidade e falta de exigência musical; a exemplo de Anitta e Luan Santana que foram aclamados nacionalmente como melhores por uma geração aculturada, a qual faço parte sem compartilhar da mesma ideia.

Antes o "Apesar de você", de Chico e hoje, "você, você, você,você", de uma funkeira qualquer.
A música muito influenciou a geração da época de 30 e de 60, o sentimento de revolução transbordava nas letras, pedindo um mundo de liberdade. Eis ao que chegamos. A força da nova era é tão grande que presenciamos em toda parte, inclusive no nosso futuro, nas crianças. E que quanto pior a qualidade, maior a necessidade de apreciá-la aos quatro cantos, como um eco da deficiência musical.

E como prova da pura incompetência social, fiz uma amostra com um grupo de amigos entre 16 e 17 anos, perguntando quem era Zeca Baleiro, Jorge Vercillo, Paulinho Moska e outros, respostas obvias surgiram, desde apresentadores de TV a Políticos.

Chico, preciso de você, Caetano, Gil e outros combatendo essa era, trazendo de volta composições inteligentes, instigante e belas; para que possamos experimentar um pouco de Tropicália, Saltimbancos, que tanto fazem falta na nossa cultura. 

Caso contrário, novamente me encontro na mesma angustia de um ditador que está ganhando força com a nossa ignorância cultural e crítica. Por isso desesperadamente clamo: "Pai, afasta de mim esse cálice!"

Beijos suplicantes, 
Izabella Rendeiro.

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