30 outubro 2013

Um giro na sociologia



Hoje eu estava em minha aula semanal de sociologia e o professor falou a respeito do “Fato Social”. O que mais me chamou atenção foi a capacidade de uma pessoa do final do século XIX – Durkheim, sociólogo nascido na França – descrever com tanta nitidez o que vivemos hoje, a violência e suas relações. O Francês afirmou que quem define o crime é a própria sociedade e que todos nós estamos sujeitos às normas e regras, e bem, quem compõe essa sociedade somos nós. As próprias pessoas conduzem o certo do errado e quem não seguir essas ordens paga um “mico” dos melhores ou tende aos fins judiciários.
Perdoem-me, mas eu não quero dar uma aula sobre esse assunto, o ponto que eu quero chegar é simples: Somos ou não somos livres?
A roupa da moda, o carro do ano, os comportamentos padrões... Quem define? Quando estamos em uma festa de casamento, qual é a roupa mais adequada? Garanto que a resposta da maioria seria: “Uma roupa social, sendo um vestido caro ou um terno fino.” Mas eu poderia ou não poderia ir para essa festa com uma calça Jeans e uma blusa brega? É aqui que quero chegar. Qual seria sua resposta?
Infelizmente o termo: “Livres” não é a definição para o que somos. Vivemos em uma sociedade onde quem não segue as regras oferecidas, pode ser chamado de maluco ou excluído da maioria. O que mais me incomoda é que nós que criamos essas próprias normas; para sermos sensatos e dignos, devemos passar confiança e não só na forma de falar, mas de se portar, de se vestir, de viver. Tudo sendo calculado.
Para a sociedade primitiva, todos eram vistos como uma família, aquela conversa de “mexeu com um mexeu com todos”, e aquele que burlasse as regras impostas, poderia ser condenado sob direito repressivo, ou seja, decapitados, massacrados, queimados e blá, blá... Pagar o crime com a própria vida. Para a sociedade moderna, aquele que comete o erro de não seguir as regras, é obrigado a pagar por isso e quando concluir, voltar para sua vida chata e sem valor nenhum. Veja que o fato social está lá, só supervisionando e dizendo o que é certo e o que é errado.
Caso você não perceba, as regrinhas impostas mudam com a evolução dos anos, aquelas roupas dos nossos pais são consideradas cafonas para o presente, e é o que vai acontecer mais tarde com nossos filhos e netos. Não me pergunte como essa mudança acontece, ela vem com o tempo, espontaneamente, ora surge ora desaparece... E o ciclo não para.
Passar no vestibular, acordar cedo no colégio, dar maior dura estudando e passando noites em claro, trabalhar feito um condenado, ganhar o salário que dependemos, se esforçar para conseguir um emprego melhor e consequentemente um dinheirinho a mais no final do mês... Devemos seguir essas regras senão padecemos.
Para o nosso Durkheim lá do começo, o crime é um atentado que ofende e contraria certos valores de um todo. E quem está por trás de tudo é o Fato Social – toda maneira de agir e de pensar que é capaz de exercer sobre o indivíduo, uma influência externa da própria sociedade.
Concluindo: Não somos livres. Dependemos de um padrão para funcionar, e se não tivermos essas normas viveremos em uma sociedade bagunçada e desestruturada – Uma forma de “Anarquismo ideológico”, eu diria. É um jeito estranho que vivemos, mas me parece o mais sensato. Caso contrário: Você se imagina sem padrão nenhum? O que iria fazer e o que iria seguir?
É...
Acho que é o final.



Beijos sem liberdade para todos vocês.

Izabella Rendeiro

16 outubro 2013

O chão que você pisa




“Não desmerecendo o incentivo que tive para chegar até aqui, o que digo neste momento é que não sei se valeu o esforço. O que farei depois do passo seguinte é incerto e o que sinto neste exato momento é tamanha angústia, um sentimento de fracasso.” Você já se sentiu assim? Parece que o mundo não foi feito para você, que estamos aqui por mero capricho de Deus – Com o sentido pejorativo da palavra. Não sei se estamos, afinal, quem nos disse o que fazer ou o que ser? Erramos, acertamos, vivemos, aprendemos, caímos novamente... E o ciclo não para.
Como reagir ao nosso primeiro encontro com o chão? Será que é deixar se abater? Suponho que as revistinhas de auto-ajuda dizem que não, que devemos levantar a cabeça e continuar. Porém eu sei que as coisas não funcionam desse jeito, há temores, há traumas, há angústias... Tudo isso nos puxa para baixo, e ficamos presos ali por anos. Caso esteja esperando um conselho meu, eu sugiro que continue no chão, não dê a volta por cima como seu psicólogo diz, rale o joelho o quanto puder e só levante quando souber o momento e como realizar tal tarefa; se mantenha firme nesse lugar e depois, se puder e lutar para isso, sair da superfície fria e desconfortável que te puseram.
Infelizmente eu já fui ao chão diversas vezes, e quem me garante que eu não estou no pior dos profundos agora mesmo? Cada um vive o chão que consegue suportar, meu senhor; seja uma dificuldade no emprego, seja na entrega de um trabalho escolar, seja na subtração do dever de matemática... Temos milhões de dificuldades, temos e teremos pessoas pisando em nossas costas com salto agulha sem dó nem piedade. Teremos nosso momento de glória, de ventos ao nosso favor, porém nada acontece sem antes provarmos a frieza daquele chão. Pois qual seria a graça de ser fácil e sem seqüelas? Não aprenderíamos nada e seríamos uns imperfeitos posando de Deus e o pior, sem nos darmos conta disso.
Caso ainda tenha dúvida, o chão significa seus erros e fracassos; representa suas dificuldades, seus pedidos de desistência, seus medos que te impedem de arriscar um andar seguinte. O chão é frio porque ninguém estará lá para te apoiar, essa luta é só sua, meu amigo; ninguém lhe puxará do seu casulo infeliz, o máximo que podem fazer é gritar seu nome para que levante e você vai tentar levantar, mas sozinho. Não há ninguém, não haverá ninguém. A luta que travaremos é com nossa mente, com nossos sonhos, com nossas esperanças... O incentivo deverá estar ali. E ele vai estar. A pergunta deverá sair do seu íntimo: “ Será que eu mereço?” e “ Será que não posso fazer melhor que isso?”
O problema é se tivermos dúvidas e não arriscarmos , o problema é se o medo for maior que nossa fé e força de vontade de vencer, o problema é se soltarmos a âncora e não sairmos do lugar, ficar na monotonia do insucesso e só enxergarmos o erro do próximo – O imperfeito, o perfeitinho demais, a inveja, cobiça, e o desejo de maldade.  Esse é o principal problema. Devemos focar em nós, nas nossas imperfeições e qualidades, no nosso passado e presente – E quem sabe no futuro? Ter expectativa de vida e não deixar os sonhos morrerem. Imaginar em como estaremos nos 10 anos seguintes, se estaremos felizes, e claro, lutar, lutar muito para que isso aconteça. E quando o primeiro dos milhares empecilhos lhe der um oi, os enfrente. E não como as revistinhas aconselham, pois elas nem eu temos todas as respostas. Só você vai tê-las, porque essa luta é única e estritamente sua. Agora acorda e vai. O sucesso está lhe esperando lá na frente. Agora ande.
Eu estou fazendo isso, espero que você também.


Um beijo encorajador e cheio de esperança

Izabella Rendeiro

14 outubro 2013

O temor do velho e antiquado


Acordei cedo para olhar o que estava no lado de fora da minha janela e não percebi muita coisa, confesso, pois a chuva que caiu na madrugada deixou o dia e o vidro molhados para a perfeita percepção. Fui preparar um café tradicional, mas só uma xícara, porque não tenho companhia. Na verdade, não preciso de uma, as pessoas costumam mentir e nunca ou quase nunca dizem o que sentem, então é melhor encarar os meus próprios conflitos que já são muito grandes do que desvendar outro ser humano em completa confusão.
Liguei o som na radio local, a voz do outro lado falava aquelas mensagens clichês e monótonas para a própria compreensão e se eu arriscasse, com toda certeza, acertaria o final de cada frase. Resolvi poupar meus ouvidos e minha sanidade, então coloquei um vinil... Sim, velho e antiquado, porém raro para a minha idade.
A pergunta é: O que é raro sem ser velho e antiquado?
Preciso de um banho para ter a resposta.
Pego meu famoso café que já está pronto, dou uma golada... No ponto do açúcar. Agora, a resposta: Eu, não, sei. Ser velho e antiquado pode ser considerado raro em minha concepção, ter um detalhezinho aqui e ali que hoje, não existe mais no mundo; ser empoeirado e ao mesmo tempo bem cuidado; ter funções que não funcionam como antigamente por conta do tempo. Isso é ser raro. Porém mais que isso, é ter um valor único na prateleira da sala, ser passado de pai para filho, de avô para pai...
E será que um dia nós, humanos, seremos raros? Será que temos um valor distinto em torno das coisas superficiais do planeta que vivemos? Será que seremos lembrados quando morrermos? Eu arrisco um talvez. Mas não tenho a certeza, pois todos são esquecidos, no começo lembrado em um ponto aqui e outro lá, porém com o passar dos anos, o tempo faz o serviço de apagar os mortos da memória. Embora deixemos nossa marca no mundo, embora tenhamos um nome na marca cara do outdoor... Seremos esquecidos.

E ao som de Mozart, deixo a seguinte pergunta : Você tem medo de ser velho, antiquado e descartado?

Um brinde ao esquecimento que o futuro reserva.


Um beijo que sequer será lembrado,
Izabella Rendeiro.


01 outubro 2013

Quer uma xícara?

O silêncio soa familiar enquanto tomo meu café nessa madrugada e a cada golada quente, um processo lento de lembranças...


Você já parou para pensar no tempo que se tem para fazer algo? Já parou para pensar que esse tempo é extremamente curto? Se não pensou, aconselho a começar a pensar, pois os anos estão se passando, velho amigo. E as rugas que antes eram de preocupação irão se transformar em marcadores de tempo. Sua beleza jovial e seu espírito aventureiro irão se aquietar com a calmaria de um bom chá enquanto assiste a um programa chato de Domingo.
Você sabe muito bem que não pode tomar uma gota da fonte da juventude e transformar-se em Hebe, a deusa imortal. Porém deve saber desfrutar cada momento, que mesmo finito, proporciona momentos inesquecíveis, ter o máximo de aproveitamento, porque em 24 horas se faz muita coisa ou quase nada, tudo em um só parâmetro. 
Quanto tempo demora a lavar o cabelo todas as manhãs? Qual é o intervalo que se tem para uma descansada depois de um longo dia? Você repara os detalhes distintos de cada nascer do Sol? O tempo nunca está ao nosso favor, sempre mais rápido, sempre com pressa, sempre mais a frente, que seja um ou dois segundos, sempre nos vence. O dia nem bem começa e está terminando, os anos, os meses... Lembra do que aconteceu em Janeiro desse ano? E do ano passado?




Bem, senhores, eu não estou aqui para fazer uma retrospectiva do ano que está quase se acabando, muito menos dar uma lição de moral com discursos clichês que ouvimos todas as manhãs na rádio local. Só vim alertá-los que o tempo é curto, e eu sei que você sabe disso, assim como eu sei desse triste detalhe também. Mas o que iremos fazer para mudar? Ah, simples: Absolutamente nada. Terminar de ler esse texto com um gosto amargo do café que está quase para terminar, rir por perceber que o que estou falando é a verdade e que não passo dos 18 anos de idade. Uma imatura descrevendo um adulto que sabe mais da vida. Não é isso que dizem? O que é saber da vida, afinal? É vencer o temido tempo? É conseguir administrá-lo sem deixar que ele ultrapasse você? Eu busco respostas, leitor. E meu café está no último gole. 
Proponho um desafio: Quero que mude sua rotina por 1 dia somente. Ou menos. Só para saber como se lida com tudo isso. Se o tempo deixará você chegar ao seu objetivo principal antes da hora proposta. Tomar uma rota diferente, um caminho mais longo a passos largos, um ônibus lotado, um táxi que pagará no cheque. Um skate roubado na praça central, uma bicicleta sem freio... É só mudança. Só um momento, preciso reabastecer minha xícara, mas não com café porque este já esfriou na garrafa...  Quem sabe um pouco de chá?



Prometo não mudar a xícara e sim, o conteúdo que está nela. Acho mais produtivo e menos radical. Que tal?


Beijos quentes e sem cafeína
Izabella Rendeiro