14 outubro 2013

O temor do velho e antiquado


Acordei cedo para olhar o que estava no lado de fora da minha janela e não percebi muita coisa, confesso, pois a chuva que caiu na madrugada deixou o dia e o vidro molhados para a perfeita percepção. Fui preparar um café tradicional, mas só uma xícara, porque não tenho companhia. Na verdade, não preciso de uma, as pessoas costumam mentir e nunca ou quase nunca dizem o que sentem, então é melhor encarar os meus próprios conflitos que já são muito grandes do que desvendar outro ser humano em completa confusão.
Liguei o som na radio local, a voz do outro lado falava aquelas mensagens clichês e monótonas para a própria compreensão e se eu arriscasse, com toda certeza, acertaria o final de cada frase. Resolvi poupar meus ouvidos e minha sanidade, então coloquei um vinil... Sim, velho e antiquado, porém raro para a minha idade.
A pergunta é: O que é raro sem ser velho e antiquado?
Preciso de um banho para ter a resposta.
Pego meu famoso café que já está pronto, dou uma golada... No ponto do açúcar. Agora, a resposta: Eu, não, sei. Ser velho e antiquado pode ser considerado raro em minha concepção, ter um detalhezinho aqui e ali que hoje, não existe mais no mundo; ser empoeirado e ao mesmo tempo bem cuidado; ter funções que não funcionam como antigamente por conta do tempo. Isso é ser raro. Porém mais que isso, é ter um valor único na prateleira da sala, ser passado de pai para filho, de avô para pai...
E será que um dia nós, humanos, seremos raros? Será que temos um valor distinto em torno das coisas superficiais do planeta que vivemos? Será que seremos lembrados quando morrermos? Eu arrisco um talvez. Mas não tenho a certeza, pois todos são esquecidos, no começo lembrado em um ponto aqui e outro lá, porém com o passar dos anos, o tempo faz o serviço de apagar os mortos da memória. Embora deixemos nossa marca no mundo, embora tenhamos um nome na marca cara do outdoor... Seremos esquecidos.

E ao som de Mozart, deixo a seguinte pergunta : Você tem medo de ser velho, antiquado e descartado?

Um brinde ao esquecimento que o futuro reserva.


Um beijo que sequer será lembrado,
Izabella Rendeiro.


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