É com pesar que começo um texto essa noite. A
crueldade humana é imensurável, uma mistura de insanidade e falta de
benevolência. Acredito na ideia de que somos carne da mesma carne, o que
nos diferencia são nossos genes. Apenas. Não entendo o sentido de superioridade
e na lei de se fazer mal a alguém por não ser da mesma ‘raça’ e ser culpado por
absolutamente tudo, exterminar por ser diferente, por enfraquecer um povo, por
miscigenar. Olá, senhores, estou no período Nazista, aquele de Adolf Hitler.
A cor é cinza, o odor agarra nosso psicológico
e nos remete à loucura, em sonhos nos achamos, o pesadelo vira. A costa pesa, o
coração treme, a voz some. Onde estão os gritos? Ecoam em nosso pensamento. A
inocência é corrompida e a vontade de existir, de lutar, de viver acabou. Por
quê? O gosto amargo de um momento frio, sombrio, babélico voltou em uma
fotografia.
Caros, é preciso entender que aquela época
realmente existiu, não foi fantasia de um autor qualquer que virou lenda. Foi
real. Houve realmente a crença de que os judeus – não somente, mas sua grande
maioria – deveriam ser mortos por serem inferiores, sub-raças.
É impossível imaginar, confesso. Fecho meus
olhos e penso na dor, dor de uma mãe ao ser separada de um filho, dor de um pai
por ver sua família desfalecendo, dor física por estar em um lugar pelo simples
fato de não se encaixar nos padrões estabelecidos por um ditador. Inimaginável.
É cruel, doentio, caótico.
Estou em choque. Arrepio da ponta dos cabelos
até o dedo dos pés, o sofrimento é o sentimento que impera, congela, consome. O
choro nas madrugadas se perguntando qual dia irá partir, as lembranças são
convites para a felicidade em um breve período de tempo, a utopia do
pensamento. A oração inaudível procurando um Deus que não se sabe onde está, o
medo de uma criança que não entende o porquê de se estar ali. É digerir tudo
isso e agonizar.
O impacto entranhou em meu corpo pedindo
revolta. O texto de hoje foi um desabafo, algo que quero registrar como
verdadeiro querendo que fosse mentira. Mas preciso parar. Avisei que tinha
apenas um minuto, o relógio marca mais, a morte precisa ir, leve toda a dor
daquele povo, traga o espírito justo e faça com que o Holocausto não volte nunca
mais. Hitler está morto.
O gosto amargo se esvai, a xícara quebrou, a
luz se apagou. O poder de uma fotografia ficará aqui, calado, quieto e sóbrio.
Só temos o silêncio.
Izabella Rendeiro.
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